Mães que deixam de trabalhar para cuidar dos filhos: o impacto do "apagão" no currículo e os desafios do retorno ao mercado de trabalho

No Brasil, muitas mulheres optam por pausar suas carreiras para se dedicarem integralmente à criação dos filhos. Embora essa decisão seja tomada com base no bem-estar familiar, ela frequentemente resulta em um "apagão" no currículo, tornando o retorno ao mercado de trabalho um desafio significativo. Este artigo explora os impactos dessa escolha e as barreiras enfrentadas pelas mães ao tentarem retomar suas trajetórias profissionais.

O que é o "apagão" no currículo?

O termo "apagão" no currículo refere-se ao período em que uma profissional se afasta do mercado de trabalho, resultando em uma lacuna em sua experiência profissional. Para muitas mães, essa pausa é dedicada ao cuidado dos filhos, mas, infelizmente, é frequentemente vista de forma negativa por recrutadores e empregadores.

Estatísticas que evidenciam o desafio

• 30% das mães já deixaram o emprego após a chegada dos filhos, enquanto entre os pais esse número é de apenas 7%.

• Apenas 8% das mães que deixaram o mercado por conta dos filhos conseguiram retornar em menos de seis meses. Em contraste, 33% dos pais retornaram nesse mesmo período.

• 86% das mulheres acreditam que a maternidade é vista de forma negativa no mercado de trabalho.

• Após a licença-maternidade, 50% das mulheres enfrentaram demissão em até dois anos.

• Em 2022, mais de 11 milhões de mulheres ficaram fora da força de trabalho para cuidar dos filhos e da casa, apesar de desejarem estar no mercado.

Desafios enfrentados pelas mães no retorno ao trabalho

Muitas mães relatam sentir que são vistas como menos comprometidas ou disponíveis após a maternidade. A rápida evolução do mercado exige constante atualização, e o período afastado pode representar uma defasagem em habilidades e conhecimentos. A escassez de oportunidades com horários flexíveis dificulta a conciliação entre trabalho e responsabilidades familiares. A lacuna no currículo pode levar a uma diminuição nas oportunidades de emprego e progressão na carreira.

Possíveis soluções e caminhos

Empresas podem desenvolver programas específicos para apoiar o retorno de mães ao trabalho, oferecendo treinamentos e mentorias. Adotar modelos de trabalho flexíveis, como home office ou horários adaptáveis, pode facilitar a reintegração das mães. O período dedicado à maternidade também desenvolve competências valiosas, como gestão de tempo, empatia e resiliência, que devem ser reconhecidas pelos empregadores.

Conclusão

O retorno ao mercado de trabalho após a maternidade é um desafio real para muitas mulheres no Brasil. Reconhecer e enfrentar os preconceitos, além de implementar políticas de apoio e flexibilidade, são passos essenciais para construir um ambiente profissional mais inclusivo e equitativo.